domingo, 24 de fevereiro de 2013

Inferindo sobre a biblioteca escolar pública via biblioteca de IES



Em 2010, já depois do advento da Lei 12.244/2010, tive a oportunidade e a vontade de falar em público na Assembléia Legislativa do Estado do Ceará sobre a situação das bibliotecas de escolas públicas do nosso Estado, mas não o fiz, porque pensei no momento: 

Nunca atuei em bibliotecas escolares, a minha experiência é com bibliotecas de IES, então, como vou falar a respeito?

Na oportunidade era discutida a questão das bibliotecas sem bibliotecários, o fato de serem chamadas de Centros de Multimeios, um desvio de nomenclatura para driblar a Lei e dispensar a presença do Bibliotecário e a promessa de concursos para suprir essa demanda. 

Esses espaços, geralmente, são geridos por professores com problemas de saúde, casos de ler/dort, questão de afonia, de alergia ou que já estão em fim de carreira. Com todo respeito, podem contribuir com suas experiências, mas, jamais gerir uma biblioteca, porque esta função é do bibliotecário, estabelecida por lei.



Mas, esta postagem não tem esse intuito de discutir essa questão específica (legal) de desvio de função, mas a de apontar a falta que um bibliotecário faz a uma biblioteca, para implementar ações próprias do seu mister. É óbvio que estou falando de um bom profissional.

Na época, não me deparei com a lógica da coisa, quem chega a uma instituição de ensino superior (IES), com certeza já passou pelos outros níveis. Portanto, hoje, refletindo a respeito, penso que a minha fala poderia ter sido oportuna, uma vez que tenho a percepção de como os alunos provenientes de escolas públicas chegam às bibliotecas de IES, na maioria dos casos,  inexperientes, sem vivência de leitor, sem saberem se portar, sem entenderem o funcionamento, por mais genérico que seja. E quando não são inexperientes (menos mal), totalmente alheios. Falta acervo, falta profissional, falta recursos, falta qualidade! Em função disso, poderia ter inferido a respeito e não estaria faltando com a verdade.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

O Incentivo à leitura pode ser indireto


Como bibliotecários, na nossa árdua missão educadora de conquistar mais leitores, de cativar pessoas para a aproximação com a leitura, encontramos várias resistências, talvez justificáveis. São tantas as desculpas, que encontramos por aí, a própria cultura de não leitura que ainda prevalece no país, o preço do livro, a forma nada pedagógica de oferecer a leitura nas escolas, a coisa tratada como obrigação, os apelos informativos mais fáceis das mídias sociais, enfim, são tantas as desculpas. 

Mas, como agentes mediadores, precisamos ter a expertise de saber driblar tudo isso, é necessário pensar um meio de exercer essa habilidade de forma natural, sem forçar, mostrando o outro lado da moeda. Uma simples ação pode mudar um status quo de anos. 

A sugestão é que seja colocado em prática o incentivo indireto, assim como quem não quer nada, por exemplo, comentando algo interessante de um texto, provando a curiosidade de uma informação que saiu no jornal, fazendo um paralelo entre a ficção e a vida, falando de alguma personalidade leitora ou simplesmente mostrando opções. Ande sempre acompanhada de um livro, comente sobre uma leitura no facebook, com a migração da  leitura para outros suportes e ambientes, tudo é válido!

Podemos criar outros argumentos de incentivo e utilizá-los conforme o contexto e isso não precisa acontecer necessariamente em uma biblioteca, nela seria imperdoável não fazê-lo.

Não há retorno para quem entra na vida de leitor, uma vez leitor, sempre leitor. Portanto é uma conquista duradoura. Podemos depois mostrar nossos troféus, digo, nossos leitores conquistados e ter orgulho disso, é para se gabar mesmo, a sociedade agradece.

Bibliotecário, quantos leitores você já conquistou nesse início de ano? Elabore uma meta conforme o seu contexto e tente chegar nela, uma vez estando lá, tente ultrapassá-la, crie uma meta mais audaciosa, dessa forma estaremos exercendo o nosso papel profissional, o de educador e, sobretudo, o de cidadão.

Faça a leitura da sua trajetória de incentivador e mãos à obra! Abra as portas para a leitura e um raio de luz iluminará a vida do leitor. Entregue leitura!



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Carnaval de livros



Como seria um carnaval de livros?

Imagino os livros desfilando em uma prateleira suspensa, ficando de frente para cada lado das arquibancadas e camarotes, fazendo reverências com o abrir e fechar das páginas e o público embaixo a apreciar cada um deles, nas alegorias das capas, nos detalhes dos títulos e por intermédio dos nomes dos autores. 

Os livros de romance estariam com estilos de fantasia Romeu e Julieta, a caráter para um baile de máscaras, os de aventura, como Harry Portter, com todos os seus poderes, já os livros épicos, seriam caracterizados como o Rei Arthur de Excalibur, erguendo a espada, os romances policiais, trajados de Sherlock Holmes, exibindo um belo chapéu e cachimbo e os de terror, abrindo a capa e mostrando os dentes afiados do Drácula, e assim seguiriam tantos outros no desfile... Todos encenando e acenando para o público. Um espetáculo à parte!



Muita concentração na hora daqueles de caráter técnico-científico, o conhecimento exige reflexão e assim a plateia toda faria silêncio e respeitaria os teóricos, os quais demonstrariam seus ensaios e experimentos ao vivo.

E muito riso para os de sátira e humor, o público não se contentaria em ficar sério, as gargalhadas viriam à tona na hora da Comédia da vida privada, de desfilar Satiricon e O Analista de Bagé.

Os e-books seriam projetados num grande telão e quem tivesse equipado, poderia recebê-los em seus portáteis.

Cada editor apresentaria sua equipe, que faria a evolução exibindo a performance dos autores, ao som dos diálogos, crônicas, contos, poesias e pontos de vista, os mais caprichados apresentariam, além de tudo isso, as ilustrações, que brilhariam com os focos e canhões de led direcionados, um show de iluminação especial.

No abre alas estariam os autores, na bateria, os prefaciadores, tradutores, ilustradores e organizadores, todos em sintonia e sinergia, dando o melhor de si para atrair os leitores.

O mestre sala conduziria tudo e a porta bandeira indicaria a que veio: romance, suspense, comédia, drama, autoajuda, estudo...

Conforme o contexto de cada espectador, uns seriam mais aplaudidos que os outros, são as preferências de leitura, que se devem respeitar, em função dos estilos literários dos autores, da linguagem, dos personagens e da própria composição do texto. Mas, como há um livro para cada leitor e vice-versa, conforme a Lei de Ranganathan, todos seriam campeões na grande jornada da leitura.

Carnaval de livros é confete e serpentina, é brincadeira de leitura, é deleite com o imaginário, é diversão certa, é viagem encantada, é informação e conhecimento.

Vamos ao carnaval de livros?