sábado, 31 de julho de 2010

Einstein

"A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original." (Albert Einstein)
A cada nova leitura que fazemos do mundo, criamos novo contexto e assim evoluimos.

Retomando Manguel



Dando continuidade à leitura e aos comentários sobre o livro "Biblioteca à noite", de Alberto Manguel, deparei-me com um trecho, ainda nos Agradecimentos, em que o autor faz menção à "ordem alfabética, tão cara às bibliotecas" e lista em ordem alfabética de sobrenome, as pessoas as quais ele contraíra dívidas de gratidão em relação à obra.

Achei por demais interessante esse cuidado, que, além de caráter imparcial, dá sentido de ordem, tão comum às bibliotecas e aos bibliotecários.

Mas, para ele, a biblioteca à noite está livre dessa ordem, ele faz outra leitura do contexto, pois ele enquanto leitor "é convocado e atraído para um certo volume e uma certa página por meio de rituais cabalísticos de letras entrevistas".

A exemplo desse detalhe de ordem, tão familiar e tão necessário em meu contexto, a obra é toda rica em pormenores que Manguel apresenta permeada de vivências sobre autores e leituras, lugares e viagens, sobre livros e bibliotecas, às vezes imperceptíveis a olhos leigos ou desatenciosos, mas, aos meus, impossíveis de não serem notados.

Feliz ele que constrói uma Biblioteca em lugar de sua escolha e investido de notável história,  que praticamente mora dentro dela e que vive dentro do seu contexto, o seu ideal:

[...] voltei a meu antigo ideal e, embora não possa considerar-me um bibliotecário propriamente dito, vivo entre estantes que proliferam o tempo todo e cujos limites começam a se borrar ou a coincidir com os da própria casa.

Como não se considera um bibliotecário propriamente dito, se vive em contexto como tal, se pratica todo o ritual da profissão com tanta propriedade, ainda agregada a toda a experiência de exímio leitor?

Durante o dia, escrevo, folheio, reorganizo livros, instalo as novas aquisições, transfiro seções inteiras por conta do espaço. Os recém-chegados  recebem as boas-vindas depois de um estágio probatório. Se o livro é de segunda mão [...]

domingo, 25 de julho de 2010

25 de julho - Dia do Escritor


Escritores científicos, profissionais ou amadores, que registram teorias e descobertas, sonhos e amores. Escritores que buscam a realidade dos fatos ou a própria história, que escrevem de impulso ou de memória. Escritores infantis, de teatro ou de novelas, que com suas fábulas e tramas, encantam a eles e a elas. Escritores que escrevem em verso ou em prosa, que nos presenteiam com a riqueza do amor e da rosa. Escritores de cartas, de blogs, de pequenos textos, de textos enormes, enfim, a todos os escritores, independente da leitura e do contexto, parabéns com louvor, neste Dia do Escritor!

Parabéns especial a minha mãe escritora que, depois de "Juntando e desmanchando", aos 80 anos, adentra no seu segundo livro "Poesia do meu jeito".




Algumas frases de grandes escritores:

"O escritor é um leitor de si mesmo." (Marta Helena Cocco)

"Não se é escritor por ter escolhido dizer certas coisas, mas sim pela forma como as dizemos." (Jean-Paul Sartre)

"O escritor está sempre trabalhando em um livro, mesmo quando não está escrevendo." (Antonio Callado)

"Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira." (Carlos Drummond de Andrade)

"Somos todos escritores, só que alguns escrevem e outros não." (José Saramago)

"Quando os escritores morrem, eles se transformam nos seus livros. O que, pensando bem, não deixa de ser uma forma interessante de reencarnação." (Jorge Luis Borges)

"Escrever é gravar reações psíquicas. O escritor funciona qual antena - e disso vem o valor da literatura. Por meio dela, fixam-se aspectos da alma de um povo, ou pelo menos instantes da vida desse povo." (Monteiro Lobato)

Parabéns a todos eles!

Qualidade é tudo!

Em curso de pós-graduação pela FESPSP ministrado em Fortaleza no ano de 2007, a professora Valéria Walls apresentava à turma de Marketing Estratégico em Unidades de Informação, especificamente na disciplina de Gestão de Qualidade em Serviços de Informação, dois aspectos da qualidade, enquanto atributo e enquanto gestão.  O primeiro, mais habitual, é aquilo que costumamos exigir quando consumimos qualquer produto ou serviço, já o segundo, mais complexo é:


[...] a forma de gestão de uma Organização, definida pela Alta Direção tendo como base as necessidades dos seus clientes, baseada na identificação de requisitos de qualidade do produto ou serviço, no estabelecimento de um planejamento para que este padrão seja atingido e na constante busca pela melhoria, em todos os seus aspectos, visando à satisfação dos clientes e a eficácia da Organização como um todo.

Naquele contexto de 2007, sem a consequente aplicação, não tinha noção da dimensão dessa gestão, mas agora, em recente oportunidade, venho rever seus ensinamentos como líder da equipe do programa de qualidade em uma das empresas em que trabalho, e, fazendo a leitura atual, vejo que essa complexidade pode ser simplificada, pois a gestão da qualidade vem para organizar a casa, melhorar os processos e assim facilitar o dia a dia da empresa. É uma construção passo a passo, e, por isso, tem tudo para ser um sucesso, até porque está sendo entendida corretamente e acompanhada por consultoria competente, que vem, sistematicamente, desenvolvendo esse programa, junto à equipe,

Daí vejo como o que aprendemos por toda a vida, fatalmente será aplicado em algum momento, em algum contexto, seja de forma direta ou indireta, sempre levando ao crescimento. Informação e leitura geram conhecimento, conhecimento gera mais conhecimento e qualidade gera mais qualidade. Bom rever a apostila do curso e livros sobre o assunto e melhor ainda é fazer tudo com qualidade..


terça-feira, 20 de julho de 2010

Vendas do livro digital e sucesso do Kindle

A Amazon.com, uma das maiores livrarias dos Estados Unidos, anunciou que nos últimos três meses as vendas de livros para o seu e-reader, o Kindle, superou as vendas de livros de capa dura. No período, disse a Amazon, foram vendidos 143 livros para Kindle para cada 100 livros de capa dura – incluindo livros em papel que não têm edição para Kindle. Leia mais... no site da Veja.

Saiu a notícia na Veja, na Folha de São Paulo, no Estadão e em vários outros canais, além de estar sendo repassada por diversos sites e blogs da rede, inclusive aqui, em leitura e contexto, afinal é uma boa ou não é? Você trocaria a leitura de um livro tradicional por um livro em formato digital digital?

Eu responderia, depende do contexto. Se a ênfase é dada para a tecnologia, para o ar de novidade, de curiosidade, de enfrentar e desvendar o novo, por que não? Ler um livro por intermédio de um equipamento (e-book / e-reader) é o máximo, mas, por outro lado, se a preferência é pelo prazer de tê-lo fisicamente pelo tato, pelo olfato, pela visão, melhor dizendo, pela encadernação, pelo cheiro da impressão e do papel, pelas ilustrações, pelo alto ou baixo relevo... a coisa se comporta de outra maneira.

Não sei se o formato tradicional vai chegar a ser peça de museu no futuro, mas o fato é que já assistimos a esse mesmo filme, com o advento dos microcomputadores -- o discurso da época era que o papel ia acabar e vimos foi a proliferação dele. Com a chegada das fitas em VHS, admitiu-se que o cinema ia acabar... Sei que pode não ser o mesmo caso, mas gosto de pensar assim, o livro como tal conhecemos há décadas, jamais terá o seu fim. Nostalgia? Não, amor de quem trabalha com eles. Resistência à tecnologia? Também não, ela é minha parceira e aliada no dia-a-dia, repito, amor de quem trabalha com eles.

Kindle da Amazon, Nook da Barnes & Noble, Alfa da Positivo, as diversas versões dos e-readers da Sony ou o Skiff da LG, este último já com tela flexível (questão de praticidade ou seria um retorno ao papel?), aqui não importa a marca do equipamento, até porque não sou especialista, mas o suporte da informação, ao invés do papel que recebe diretamente a tinta representando os símbolos e as letras, a tela, agora em cristal líquido, interface necessária para exibição da imagem, gerada e transmitida em formato digital, em bits. É claro que a questão envolve outros processos, tão complexos para os leigos e ao mesmo tempo tão simples para os profissionais hight tech, outra questão de contexto, que não cabe aqui comentar.

De qualquer forma se o kindle está cativando e ampliando a leitura de um país, ele merece o sucesso!


Imagem extraída de http://www.leiabrasil.org.br/blog/wp-content/uploads/2010/03/amazon-kindle-reader-books.jpg

domingo, 18 de julho de 2010

Duas preciosidades

"Se tens um jardim e uma biblioteca, tens tudo." (Marco Túlio Cícero - Arpino-Itália, 106 a.C. –43 a.C. Formia-Itália ).
Duas preciosidades do contexto da época que, na minha opinião, continuam válidas. Ambas são minha paixão!

sábado, 17 de julho de 2010

O que você faria com uma pedra?

A Pedra

"O distraído nela tropeçou...
O bruto a usou como projétil.
O empreendedor, usando-a, construiu.
O camponês, cansado da vida, dela fez assento.
Para meninos, foi brinquedo.
Drummond a poetizou.
Já, Davi, matou Golias,
E Michelangelo extraiu-lhe a mais bela escultura...
Em todos esses casos, a diferença não esteve na pedra, mas no homem!
Não existe pedra no seu caminho que você não possa aproveitá-la para o seu próprio crescimento."

Desconhecido

***
Uma variedade de mensagens criativas e sem autoria circulam na rede, navegando, às vezes, nos deparamos com elas, outras vezes recebemos de alguém. Recebi essa mensagem de um colega de trabalho, aquele que naturalmente e habitualmente é encarregado de desejar uma boa semana à equipe, sempre às segundas-feiras. Percebi que a essência dessa mensagem é uma questão de leitura e contexto e registro o que eu faria fisicamente com uma pedra, expressando a minha contextualidade -- depois de fazer a leitura -- se grande, enfeitaria o meu jardim, se pequena, usaria como peso de papel!

Mas, aquelas pedras da vida, afasto com o pé cada uma para o lado e vou passando, algumas, as pesadas, tenho que erguê-las para livrar o caminho, outras, mais pesadas ainda, peço ajuda para os meus e assim vou em frente, coisas da vida.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A Biblioteca à noite, mais uma de Manguel!

Estou fascinada com o título e com o pequeno trecho que já li dessa obra de Alberto Manguel. Espero retornar com outra postagem para falar a respeito dos quinze ensaios que o autor apresenta. Ganhei de Érico Veríssimo, estudante de Biblioteconomia da UFC, na conclusão e despedida de seu estágio junto à Biblioteca da Faculdade CDL.

domingo, 4 de julho de 2010

Destruição de livros: destruição da memória, do conhecimento e da cultura.

                                                         

Destruição de livros: desaparecimento, esquecimento, empobrecimento, enfraquecimento, desconhecimento... e muitos outros "mentos" da Humanidade. Estou estarrecida com o acervo de diversas nações destruídas pelo homem. Sabia da existência desses eventos, mas fazendo a leitura de "História universal da destruição dos livros", de Fernando Báez, me dei conta da sua dimensão. Quando se estuda História do Livro e das Bibliotecas nos bancos acadêmicos, o olhar é mais positivo, retratando os primeiros registros, o nascimento, a própria existência, por fim, a proliferação com a imprensa de Gutemberg e tudo que vem depois disso, ainda que se fale da elitização do acesso e das destruições mais famosas, como Alexandria, Pérgamo e as decorrentes da Inquisição. Mas, como o próprio autor coloca na sua introdução, "Há 55 séculos se destroem livros..." e faz uma varredura completa em todo o mundo, China, Roma, Grécia, Bagdá, Inglaterra, México..., trata-se não só de quantidade, mas, sobretudo, de qualidade. Escritos e livros de pensadores e escritores clássicos, além da destruição pela própria condição dos palimpsestos, manuscritos em que o texto original era apagado para receber outro, dado o elevado custo do pergaminho. Como vemos, destruição em função do contexto da época. Mas, fazendo uma leitura mais ampla, também nos deparamos com outras questões de contexto, quando o próprio autor destruia sua obra, considerando-a já superada por outra e, por isso, justificada pela vergonha que passaria junto à sociedade. Mas, na maioria dos casos, a destruição foi ensejada pelo poder, pela violência das guerras, desde o Mundo Antigo, até à atualidade, como o "bibliocausto nazista" e a destruição dos livros no Iraque, quando livros e bibliotecas representavam as idéias e o conhecimento daquela civilização/sociedade. Enfim, o contexto justifica a destruição dos livros? Se justifica, o mundo pagou e continua pagando um preço muito alto por isso.